segunda-feira, 15 de março de 2021

PET Volume 01 - 2021 - Semana 1 - 9º ano

Semana 1: Modalização

PRÁTICAS DE LINGUAGEM: Análise linguística/Semiótica. 
OBJETO DE CONHECIMENTO: Modalização 
HABILIDADE: (EF89LP16) Analisar a modalização realizada em textos noticiosos e argumentativos, por meio das modalidades apreciativas, viabilizadas por classes e estruturas gramaticais como adjetivos, locuções adjetivas, advérbios, locuções adverbiais, orações adjetivas e adverbiais, orações relativas restritivas e explicativas etc., de maneira a perceber a apreciação ideológica sobre os fatos noticiados ou as posições implícitas ou assumidas. 
CONTEÚDOS RELACIONADOS: Modalização em textos jornalísticos narrativos e argumentativos. Isso implica: (a) o reconhecimento dos recursos linguísticos empregados; (b) a compreensão dos efeitos de sentido produzidos por meio desses recursos, assim como de seu enquadramento ideológico; (c) a análise da coerência desses efeitos em relação às intenções pretendidas. Classes e estruturas gramaticais como adjetivos, locuções adjetivas, advérbios, locuções adverbiais, orações adjetivas e adverbiais, orações relativas restritivas e explicativas.

ATIVIDADES - SEMANA 1

Leia o relato de viagem abaixo para responder às questões de 1 a 5.

Bonjour, L’Amour

Martha Medeiros

Próxima parada: Barcelona. Pegamos um voo e tudo voltou a dar certo, estávamos em plena lua de mel. Ao aterrissar, fomos à esteira das bagagens e ficamos esperando. Esperando. Esperando. E esperando estaríamos até hoje. Nada das nossas malas. Registramos o sumiço e nos despacharam para o hotel: “Quando encontrarmos, se encontrarmos, serão entregues lá”, foi o que nos disseram - em catalão. Que ótimo. Eu não tinha nenhum kit de primeiros socorros na mochila.

Passamos o dia perambulando pelas Ramblas com a roupa do corpo. Compramos escova de dente, pasta, desodorante e umas camisetas para quebrar o galho, caso o pior acontecesse. Voltamos à tardinha para o hotel e nada ainda das malas. Antes de sair para jantar com a mesma roupa imunda, aleluia, elas chegaram.

É uma experiência que nos faz avaliar o que realmente tem importância na vida. Eu não sofria pelo vestido que talvez nunca mais visse ou pelo sapato que havia usado só uma vez, e sim pelo sumiço de uma caderneta de anotações onde já havia registrado boa parte da viagem. E lamentava nunca mais colocar no dedo um anel pelo qual joalheiro nenhum daria um centavo, mas que para mim valia como se fosse um diamante da Tiffany1 . O anel havia sido da minha avó. Mas recuperei não só vestidos e sapatos, como o anel, a caderneta e o que mais a mala continha: tudo parte da nossa memória afetiva, que, no final das contas, é o que mais tememos perder pelo caminho. Depois de curtir o que Barcelona tinha para ser curtido, fomos de trem até Montpellier, na França, e lá alugamos um carro. Finalmente, o filé mignon da viagem. Adoro percorrer estradas desconhecidas e não saber onde vou dormir à noite. Nesse primeiro dia motorizados, saímos sem rumo e, depois de muito rodar, acabamos em Ramatuelle, um lugarejo escondido e charmoso num ponto alto da costa azul. Percorremos a pé suas ruelas, tomamos vinho e tentamos encontrar uma pousadinha para ficar por lá mesmo, mas estava tudo lotado: a cidade era mínima, porém requisitada. Não nos restou outra alternativa a não ser voltar para o carro e seguir até Saint-Tropez. Vida dura.

Chegamos tarde e, por conta do cansaço, nos hospedamos no primeiro hotel que vimos, sem reparar que era mega luxuoso. Foi o que bastou para meu namorado se emburrar. Tinha cabimento gastar os tubos numa única noite? Não tinha. Mas vá explicar isso para uma mulher despencando de sono. No dia (50) seguinte, Saint-Tropez nos deu as boas-vindas e desemburrou qualquer semblante. Dia de sol tropical. Mergulho. Caminhadas. Visual. Passamos um dia de magnatas e no fim da tarde pegamos a estrada de novo. Quando o sol começou a se pôr, estávamos na Route des Calanques, entre St. Raphael e Cannes, onde encontramos um casarão na beira da estrada, de frente para uma baía deslumbrante. Chamava-se L’ Auberge Blanche, mas duvido que se encontre alguma referência no Google. Estacionamos e batemos à porta. Veio nos atender uma senhora de uns bem vividos 130 anos. Ofereceu para nós seu melhor quarto, no terceiro andar, milhões de metros quadrados de frente para o mar. Poderíamos ter dado uma festa de réveillon dentro do aposento.


FONTE: MEDEIROS, Martha. Um lugar na janela: relatos de viagem. Porto Alegre: L&PM, 2012. Edição e-book. 1 Tiffany & Co. é uma famosa joalheria dos Estados Unidos com quase dois séculos de existência. 2 Rambla é um tipo de rua característica da Espanha. Geralmente, larga, arborizada e com intensa movimentação de pedestres, onde se encontram cafés, restaurantes, floriculturas, livrarias, artistas se apresentando ao ar livre, além de diversas lojas.



1. A modalização pode ser compreendida como uma forma de o enunciador expressar sua atitude em relação ao que ele mesmo enuncia. No trecho “É uma experiência que nos faz avaliar o que realmente tem importância na vida”, por exemplo, o advérbio “realmente” mostra que a enunciadora insiste sobre a validade do que acabou de dizer. Localize outros exemplos de palavras e locuções que, em sua opinião, são empregadas na modalização, destacando os efeitos de sentido que provocam.

2. Os advérbios e locuções adverbiais têm papel fundamental nos relatos de viagem, pois além da modalização, essas palavras e locuções são responsáveis pela expressão das circunstâncias. Localize advérbios e locuções adverbiais no texto lido empregados para expressar circunstâncias.

3. Em “Finalmente, o filé mignon da viagem”, que figura de linguagem constitui os termos em destaque? Qual é o efeito de sentido que provoca?

4. Em “Não nos restou outra alternativa a não ser voltar para o carro e seguir até Saint-Tropez. Vida dura”, considerando o contexto do relato, que efeito de sentido causa o uso da expressão “vida dura”? 

5. No trecho “Veio nos atender uma senhora de uns bem vividos 130 anos. Ofereceu para nós o seu melhor quarto, no terceiro andar, milhões de metros quadrados de frente para o mar. Poderíamos ter dado uma festa de réveillon dentro do aposento”, é incorreto afirmar que: 
a) Há exagero na descrição ao falar da idade da senhora, do tamanho do quarto e ao afirmar que é possível comemorar nele o réveillon (que, de modo geral, conota um evento grandioso, com muitas pessoas reunidas). 
b) A senhora devia ter bastante idade, o quarto devia ser bem grande, mas não literalmente nas proporções informadas. 
c) O exagero empregado pela enunciadora constitui uma figura de linguagem chamada hipérbole. 
d) O modo como a enunciadora faz sua descrição pode ser definida como aquela que representa a realidade tal qual ela é, ou seja, sem a influência dos sentimentos ou pensamentos.

Nenhum comentário:

A Escola Estadual Pio XII volta às aulas!

Esperamos por todos vocês!